Com formação integral de professores, escola pública garante resultado de 7.0 no IDEB

O resultado do IDEB 2019, índice que avalia o desenvolvimento da educação básica brasileira, aponta que o Brasil vem avançando na aprendizagem nas séries iniciais do ensino fundamental, mas que ainda há um caminho a percorrer para garantir a aprendizagem adequada, principalmente se olharmos os anos finais do ensino fundamental e médio.

Esta avaliação é pautada na evolução da aprendizagem no país com base no desempenho dos alunos em português e matemática. Mas será que apenas garantir um bom currículo nessas disciplinas é o suficiente para melhoria de aprendizagem?

A escola municipal Profa. Dulce de Faria Martins Migliorini, localizada em uma zona periférica da cidade de Itirapina, interior de São Paulo, atende cerca de 200 alunos, muitos deles em situação de vulnerabilidade social. Com um IDEB de 4.5 em 2011, o desempenho dos estudantes era preocupante ao compararmos a média de resultado do estado de São Paulo (5,6) ,Santa Catarina (5.8) e Minas Gerais (5.9). Em 2013, a rede iniciou um programa de formação continuada de educadores e, com a formação em didática em língua portuguesa e matemática e muitos investimentos em aulas de reforço, o IDEB passou para 5.8 em 2015. Mas ainda não era o suficiente.

Mesmo a Dulce sendo uma escola de tempo integral, não era uma garantia de aprendizagem para todos os alunos. Isso porque, embora uma escola em período integral tenha mais tempo para desenvolver os alunos, a Educação Integral não é sinônimo de mais tempo na escola, mas sim de que todo ser humano é composto de múltiplas dimensões que merecem ser igualmente nutridas.

A partir de 2016, a Escola Dulce passou por um projeto piloto de inovação com o apoio do Instituto Península a fim de de transformar a escola de tempo integral em uma escola de Educação Integral.  A partir de um programa de formação integral de educadores incluindo práticas de autocuidado, jornadas coletivas de aprendizagem e implementação de uma gestão participativa, envolvendo todos os atores da escola e a comunidade, a escola reformulou suas práticas pedagógicas.

As aulas e o relacionamento com os alunos tiveram uma mudança positiva. A escola passou a realizar esta “costura” entre os saberes locais e os conteúdos curriculares, de forma planejada e intencional, criando aprendizagens cada vez mais contextualizadas e significativas. As crianças passaram, por exemplo, a ter engajamento social e alfabetização ecológica através da intervenção na realidade da escola: com a criação de uma horta orgânica, ajudaram as cozinheiras a terem alimentos orgânicos a baixo custo e estudaram matemática ao calcular o espaçamento necessário entre as sementes; ajudando a responsável pela biblioteca a classificar e catalogar uma doação de 200 livros recebidos, aprenderam Língua Portuguesa e a importância da participação social.

Os resultados apareceram: em 2019, o IDEB da escola Dulce passou para 7.0, comprovando que uma formação integral pode ser um caminho potente para um ensino com mais significado – e melhores resultados – para professores e alunos.

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