Educação

Educadora brasileira premiada reforça a urgência de políticas que tornem a carreira docente mais atrativa

Débora Garofalo, considerada uma das dez melhores professoras do mundo, conversou com o Instituto Península sobre formação inicial, continuada e condições de trabalho dos professores

Com uma experiência de 19 anos na rede pública de ensino de São Paulo e conquistas marcantes como ser a primeira brasileira finalista do Global Teacher Prize, considerado o Nobel da educação, Débora Garofalo é uma educadora atuante no debate sobre a profissão docente.

A professora e gestora de políticas públicas reconhece que para caminharmos em direção a uma melhoria da educação nas escolas brasileiras, é essencial que tenhamos profissionais bem formados e motivados dentro das salas de aula. 

Para que isso aconteça, a educadora enfatiza a necessidade de ações para tornar a profissão mais atrativa para os jovens: “Isso começa com uma remuneração justa, mas também envolve criar políticas que ofereçam perspectiva de crescimento na carreira, ambientes escolares acolhedores e estruturados, além da formação continuada alinhada aos desafios contemporâneos”, comentou Garofalo.

No contexto da formação docente, a educadora entende que são necessárias mudanças tanto nas formações iniciais quanto continuadas para preparar os professores para a realidade da escola pública e para as mudanças tecnológicas da educação do século 21. 

O que ainda precisa ser feito para a melhoria das formações docentes no Brasil?
“Precisamos de uma reforma profunda na formação inicial, com currículos mais conectados à realidade das escolas públicas, que articulem teoria e prática desde o início. A universidade e a escola básica precisam dialogar mais. O estágio deve ser valorizado, com supervisão qualificada.

Na formação continuada, é preciso sair do modelo tradicional de palestras e investir em redes de colaboração, uso de tecnologias, formação por área de conhecimento, e foco em práticas pedagógicas reais. Também é fundamental incluir temas como equidade, diversidade, competências digitais e desenvolvimento de projetos interdisciplinares.”

Qual a importância da inclusão de competências digitais na formação inicial e continuada dos educadores?
“A tecnologia é uma aliada poderosa quando usada de forma crítica, criativa e significativa. A pandemia evidenciou o quanto muitos educadores não estavam preparados para lidar com o digital – não por falta de vontade, mas por ausência de formação adequada. Incluir competências digitais na formação é essencial para que o professor possa integrar recursos tecnológicos às suas práticas de maneira pedagógica, e não apenas técnica.” 

O que você entende ser essencial priorizar no tema da formação dos professores pelas Secretarias de Educação?
“As Secretarias precisam ouvir os professores para identificar suas reais demandas. É essencial que a formação continuada seja situada, ou seja, voltada aos desafios do chão da escola. Além disso, ela deve ser permanente, colaborativa e conectada com as políticas curriculares, como a BNCC e a BNC Formação. 

Outro ponto chave é valorizar boas práticas, fomentar comunidades de aprendizagem entre professores e garantir tempo e estrutura para que possam participar desses processos formativos.”

No contexto nacional, o governo federal anunciou neste ano o “Programa Mais Professores”, na sua visão, como ele apoia a profissão?
O programa “Mais Professores” acerta ao olhar para a formação e ao buscar aproximar os licenciandos da realidade escolar. Isso ajuda a criar vínculo, a preparar o futuro educador para os desafios reais da sala de aula. Ao oferecer bolsas e acompanhamento pedagógico, o programa reduz desigualdades e dá oportunidade para que mais jovens enxerguem à docência como um projeto de vida. 

Mas, para além disso, é preciso criar uma jornada mais conectada entre universidade e escola, garantir que os estágios sejam de fato formativos e que o professor tenha apoio no início da carreira.”

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