Educação

Qual é o papel da experiência em sala de aula na formação dos futuros professores?

É longa a jornada de um licenciando até chegar à sala de aula: o percurso começa com a escolha da profissão, depois, a escolha da faculdade, passa pela prova e a expectativa do vestibular e, se o ciclo da graduação for regular em quatro anos o status muda de estudante universitário para professor. Mas, será que apenas esse processo prepara para os desafios reais da sala de aula?

O que de fato torna um indivíduo um bom professor ou uma boa professora?

Há razoável consenso de que, para se estar apto à docência, é preciso “horas de voo”. Nesse caso, horas de chão de escola, de sala de aula. Nesse sentido, há que se observar os diversos fatores que influenciam para que o estudante de um curso de licenciatura ou de pedagogia tenha acesso ao aprendizado: políticas públicas educacionais que impactem a qualidade das graduações oferecidas pelas faculdades e o envolvimento das redes de ensino para que as escolas estejam alinhadas ao projeto, de modo que os licenciandos tenham condições de experenciar a docência na prática.

Hoje, por meio de evidências, é possível avaliar o quanto uma formação baseada na prática impacta positivamente a atuação dos professores, potencializando conceitos técnicos e pedagógicos, ampliando suas habilidades e preparando-os para os desafios da sala de aula.

Um dos caminhos para o enfrentamento da questão se dá por meio do estágio, ou seja, quando o estudante de pedagogia ou licenciatura participa de aulas práticas e, assim, pode observar e vivenciar um professor desenvolvendo uma aula, entre outras experiências que só o ambiente escolar pode proporcionar. E não é toda e qualquer atividade que se caracteriza como estágio, mas sim, aquela que possui planejamento e intencionalidade clara, pois entendemos que um bom estágio não deve se limitar a atividades burocráticas, já que deve também considerar as complexidades e os desafios reais do ambiente escolar brasileiro.

O período de estágio é um momento potente para a formação dos futuros professores. É por meio da vivência, experimentação e exploração de situações reais do cotidiano das escolas e das salas de aula que os licenciandos serão levados a refletir sobre a natureza da sua profissão e sua identidade profissional, bem como a desenvolver saberes, atitudes, valores e práticas inerentes à atuação docente. (BORN, 2022).


Experiências que deram certo

Em busca de exemplos positivos para servir de inspiração para todas as regiões do país, o Movimento Profissão Docente, coalizão de organizações do terceiro setor que o Instituto Península integra, conduziu uma pesquisa que analisou as boas práticas na implementação do estágio supervisionado, liderada pela Diretoria de Ensino de São Carlos/SP. Nessa análise, foi possível compreender que a normatização dos processos do estágio supervisionado possibilitou introduzir uma nova forma de pensar a formação dos futuros docentes da rede e aproximou a escola da universidade. Entre as inúmeras boas práticas relatadas no estudo, destacamos a seriedade dos servidores da Diretoria de Ensino e o comprometimento da equipe com uma educação de qualidade.

Desenvolver um estágio fortalecido é essencial, pois impacta diretamente na habilidade dos professores de elaborarem e ministrarem suas aulas e, consequentemente, no processo de aprendizagem dos alunos, sobretudo os de escolas públicas. Segundo o Censo Escolar 2019, 80% dos licenciandos retornam para atuar nas redes públicas, o que fortalece o dado de que uma experiência positiva de estágio amplia e potencializa as habilidades dos educadores e os ajuda a compreenderem as necessidades de sua própria carreira.

A partir dessas ponderações, entende-se que é na sala de aula que o licenciando compreende e vive, de fato, o que é ser professor. É a partir da prática e da reflexão de sua atuação e a de seus pares que ele se desenvolve como educador. E, segundo a experiência de São Carlos, é algo possível.

Clique para acessar o Estudo “Boas práticas de Implementação do Estágio de Licenciaturas”.

Aqui o você pode ler o Estudo de caso: Estágio Supervisionado na Diretoria de Ensino de São Carlos.

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